“O Eternauta”: A Saga Apocalíptica Argentina que Conquista o Mundo

Foto: Marcos Ludevid/Netflix.
Foto: Marcos Ludevid/Netflix.

Adaptação do quadrinho cult dos anos 1950, a série mistura política, ficção científica e o talento de Ricardo Darín

Foto: IMDb/Reprodução.
Foto: IMDb/Reprodução.

Quando a Netflix anunciou a adaptação de O Eternauta (The Eternaut), os fãs da HQ argentina de 1957 seguraram a respiração. Afinal, como traduzir para as telas uma obra que é, ao mesmo tempo, uma aventura de invasão alienígena e um manifesto político disfarçado? A resposta chegou em 2024: com a assinatura do cinema argentino, o peso de Ricardo Darín no elenco e uma produção que não teme misturar drama humano e ficção científica de alto conceito.

A série, que já nasce como um dos maiores sucessos latino-americanos da plataforma, não é apenas uma homenagem ao quadrinho original de Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López. É uma reinvenção necessária – e que coloca a Argentina no mapa global do sci-fi.

Resumão
Na fria madrugada de uma Buenos Aires sitiada por flocos mortais, Ricardo Darín emerge não como herói, mas como sobrevivente – e é nesse detalhe que O Eternauta, nova joia da Netflix, reescreve as regras do sci-fi global. A série, adaptada do quadrinho revolucionário de 1957 que misturava invasão alienígena e denúncia política, chega às telas com o peso da história argentina nas costas e a leveza de quem domina a linguagem universal do suspense.

Foto: Netflix/Reprodução.
Foto: Netflix/Reprodução.

Héctor Oesterheld, criador da HQ original desaparecido pela ditadura, talvez não imaginasse que sua metáfora sobre opressão ganharia novas camadas em 2024. A neve tóxica que cai sobre a cidade não é apenas um efeito especial digno de Hollywood (embora a produção, uma das mais caras da América Latina, rivalize com Stranger Things). É herança de um cinema que sempre soube transformar tragédia em arte – como fazem Darín e sua equipe, trazendo para Juan Salvo a mesma urgência dramática de Relatos Selvagens e a profundidade de O Segredo dos Seus Olhos.

Críticos do mundo todo notaram: enquanto Dark alemã brincava com paradoxos temporais, O Eternauta faz algo mais raro. Usa aliens para falar de desaparecimentos políticos, efeitos visuais para mostrar a resistência cotidiana, e Darín para lembrar que todo grande sci-fi é, no fundo, um drama humano. “Parece Children of Men com DNA portenho”, escreveu o El País. “A Netflix descobriu que ficção científica pode ter sotaque”, celebrou o IndieWire.

Foto: Planeta Cómic/Reprodução.
Foto: Planeta Cómic/Reprodução.

Resta saber se a segunda temporada – ainda não oficial, mas com rumores de gravações em 2025 – manterá o tom. Por enquanto, a série já cumpriu seu papel: provar que Buenos Aires pode ser tão cenário de apocalipse quanto Nova York ou Tóquio, e que o melhor do gênero muitas vezes nasce onde menos se espera – como numa HQ dos anos 50, escrita por um homem que acreditava no poder das histórias. Até mesmo, ou especialmente, quando elas falam de monstros.

O Eternauta não é apenas uma adaptação. É a culminação de décadas de cinema argentino cravando sua bandeira em um gênero dominado por EUA e Europa. Com Darín, a série prova que histórias locais podem ser universais – e que o futuro do sci-fi está, cada vez mais, no Sul.

 

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